El Amolador

Vindo da rua, materializou-se num objecto híbrido.                                                                                                                Conversas-ficção sussurradas por um Amolador e espalhadas em cartazes por nós. Um livro em que cada conversa é uma página/cartaz/história/mentira/vida. Algo transversal, como o próprio Amolador que, em tempos, passava na nossa rua.

livro totalmente manufacturado.                                                                                                   técnica mista, com envelopes em papel kraft, papel manteiga.

prefácio

El Amolador

"Eu tenho o dom de causar consequências."

Eram tardes ao som da flauta. Uma flauta harmoniosa que contrastava com o seu rosto e palavras. O Amolador. Espicaçado por nós, divagava livremente, debitando palavras que, não tendo sentido, organizavam-se de forma lúcida e surreal. As palavras do Amolador. A subversão subtil vai-se esculpindo com a sua roda de amolar, até se tornar tão acutilante como uma faca. O ofício do Amolador. As histórias do Amolador, as vidas do Amolador. Devaneios que penetram no interior das coisas. Melancólico e intratável, desconcerta-nos dias a fio, mesmo depois de nos termos despedido. O seu som ecoa-nos na cabeça sem nos dar descanso - algo que fica no ar, possibilidades móveis e escorregadias, histórias misteriosas que se vão desocultando e pedindo para sair. Fazemos-lhes a vontade com estes "textos saídos à rua", em folhas amareladas, frágeis, espalhando impossibilidades e especulações em quem lhe põe os olhos. Este livro, este objecto-experiência é a nossa história com o Amolador, feita de pequenos momentos, de dobras e recantos, de folhas livres, espalhadas pelas ruas, de palavras-fantasia que não conhecem lugar fixo.                                                                                                                            O Homem que falou e nós ouvimos.